Óptica Geométrica
Construções geométricas em lentes delgadas
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Objectivos do trabalho
Pretende-se estudar vários aspectos da luz do ponto de vista da óptica geométrica, tais como a reflexão e refracção entre meios, a polarização, lentes delgadas e associações de lentes. Iremos estudar a formação de imagens reais e virtuais, verificar como estas dependem das distâncias envolvidas no sistema óptico, e testar um microscópio composto.
Conceitos fundamentais
Traçado de raios
A óptica geométrica, ou óptica de raios, é uma abordagem que consiste em descrever a propagação da luz através de raios. Um raio é um modelo simplificado, na forma de uma linha, que descreve o caminho percorrido pela luz entre duas superfícies. Para descrever a propagação de um feixe de luz através de um sistema, utilizamos um conjunto de raios, que se propagam utilizando o método do traçado de raios.
Este método é suficiente para explicar fenómenos como a reflexão e a refracção da luz e é particularmente útil na descrição de sistemas e instrumentos ópticos, sendo válida desde que as dimensões dos objectos envolvidos sejam muito maiores que o comprimento de onda da luz visível (∼
O comportamento dos raios obedece a algumas regras simples:
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Reflexão, refracção e polarização
A eficiência com que um feixe luminoso é reflectido ou refractado numa fronteira entre dois meios de índices de refracção n1
Pode-se polarizar a luz emitida por uma fonte não-polarizada através de um simples filtro polarizador (ou polaroide). Orientando o ângulo do filtro relativamente à direcção dos raios luminosos, é possível definir a direcção de polarização. Por exemplo, no caso da Fig. 3 a luz obtida é polarizada verticalmente.
Construções geométricas em lentes delgadas
Para garantir que compreende adequadamente as secções seguintes, leia antes o documento de apoio Óptica geométrica e lentes.
Instrumentos ópticos
Um instrumento óptico é um dispositivo baseado nos princípios da óptica cujo objectivo é auxiliar a visão humana. Nestes sistemas, designamos por objectiva a lente que está do lado do objeto AB e por ocular aquela que está do lado do observador, com distâncias focais fobj
O olho humano
Vamos primeiro abordar a fisiologia do olho humano (Fig. 17) para compreender as suas limitações. Este pode ser considerado como um sistema óptico que projecta imagens (reais) dos objectos exteriores na retina, através de duas lentes convergentes: a córnea e o cristalino. Para o nosso estudo, vamos considerar que estas lentes são substituídas por um sistema equivalente constituído por uma única lente, com o máximo de distância focal f
D=1f[m−1]=10,025[m−1]=40[m−1]=40dt.
Para uma pessoa com visão normal ou munida de correção adequada (óculos graduados ou lentes de contacto), os raios ópticos provenientes de um objecto no infinito[1] chegam paralelos ao olho e são focados na retina sem necessidade de esforço, ou seja, com o olho relaxado (Fig. 18 à esq.). À medida que o objecto se aproxima do olho, é necessário os músculos ciliares aumentarem a curvatura da lente para criar uma imagem focada na retina - a isto chama-se acomodação do olho. O ponto mais próximo do olho para o qual a lente ainda consegue focar a imagem na retina é designado por ponto próximo (Fig. 18 à dir.) e considera-se igual a 0,25 m para uma visão normal padrão, valor que tem tendência a aumentar com a idade.
O tamanho aparente dum objecto é determinado pelo tamanho que a imagem apresenta na retina. Mesmo sem variar o tamanho real do objecto, este pode ser visto maior se o aproximarmos do olho, porque o tamanho da sua imagem na retina é maior. A avaliação do tamanho da imagem na retina pode ser feita através da medição do ângulo θ
Considere-se um objecto com altura h
O princípio dos instrumentos ópticos consiste no aumento do tamanho da imagem na retina, y′
Lupa
A lupa simples é o instrumento óptico mais elementar. Consiste numa só lente convergente e permite aumentar o tamanho aparente do objecto, ou seja, o tamanho da imagem na retina. Sabendo que a maior imagem que se pode obter dum objecto com o olho desarmado é quando o objecto está no ponto próximo (Fig. 20), e dado que y′0
θ0=h0/0,25
Na visão auxiliada pela lupa, esta é colocada perto do olho, e o objecto colocado a uma distância inferior ao foco. A imagem produzida pela lupa é virtual, ampliada e direita.
Ampliação angular
A ampliação angular MA
MA=y′ay′0=θaθ0
Tirando partido da aproximação paraxial, temos tanθa=h′a/L≈θa
MA=h′a/Lh0/0,25=−di0,25d0L=0,25L(1−dif)
onde na última igualdade se recorreu à equação dos focos conjugados. Como a distância à imagem é negativa, di=−(L–b)
MA=0,25L(1+L–bf)![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
Da análise desta expressão pode-se dizer que a ampliação diminui se L
Caso | Ampliação angular | Interpretação |
---|---|---|
b=f![]() ![]() ![]() |
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O olho está à distância focal da lupa. D![]() |
b=0![]() ![]() ![]() |
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O olho está encostado à lupa. Se b=0![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
dO=f![]() ![]() ![]() ![]() |
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O objecto é colocado no foco e a lupa forma a sua imagem no infinito (L=∞)![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Exemplo: uma lente com D=10 |
Microscópio composto
O microscópio é o instrumento óptico empregado para observar objectos pequenos, colocados muito próximos do instrumento. Na sua forma mais simples, consiste em duas lentes convergentes. A lente mais próxima do objecto (objectiva) tem uma distância focal fobj
Um objecto de altura h
MT=h′h=−Ltanθfobjtanθ=−Lfobj
O sinal negativo indica que a imagem é invertida e, uma vez que é real, a imagem pode ser projectada sobre um alvo para se medir o seu tamanho.
A lente ocular é usada para aumentar a imagem formada pela lente objectiva. Assim, a ocular é colocada de modo a que a imagem h′
M=h″h=MT×MA
Procedimento experimental
Material
Caixa de óptica equipada com
- calha graduada
- fonte luminosa com lâmpada de incandescência linear
- lentes convergentes e divergente
- semi-cilindro de vidro acrílico
- diafragmas de fendas lineares (fenda única e fendas múltiplas)
- polaroides
- suportes
Trabalho preparatório
- Preencha os objectivos do trabalho que irá realizar na sessão de laboratório.
- Preencha o quadro com as equações necessárias para o cálculo das grandezas, bem como as suas incertezas.
Determinação do índice de refracção dum vidro acrílico
Alinhamento
O alinhamento prévio é essencial para assegurar que as medições são efetuadas correctamente.
- Monte a fonte luminosa numa das extremidades da calha graduada e ligue a lâmpada.
- Utilizando a lente cilíndrica, obtenha um feixe de luz colimado, isto é de raios paralelos. A Fig. 23 ilustra o posicionamento da lente e o resultado pretendido. À distância correcta, o feixe de luz tem uma largura aproximadamente constante.
- Sobreponha os dois diafragmas num único suporte, de modo a obter uma linha vertical de luz, estreita (≈
1 mm), alinhada com o eixo da calha graduada. Verifique que a espessura do feixe de luz se mantém tão constante quanto possível ao longo de toda a calha. Antes de começar o passo seguinte, chame o docente para validar o alinhamento.
Face plana
- Monte o suporte com o círculo graduado e o semi-cilindro de vidro acrílico centrado, de modo a que o feixe de luz branca incida na sua superfície plana. Observe e obtenha os ângulos de reflexão e de transmissão para vários valores dos ângulos do feixe incidente, à esquerda e à direita. Registe medições para, pelo menos, nove valores diferentes do ângulo de incidência.
- Represente as medições num gráfico e, a partir deste, determine por ajuste o índice de refracção do vidro acrílico. Anexe o gráfico ao relatório.
Face cilíndrica
- Rode o círculo graduado de modo a que o feixe de luz incida na superfície cilíndrica do vidro acrílico. Repita as medidas e a análise dos resultados.
Ângulo-limite
- Estime o valor do índice de refracção a partir do ângulo limite de reflexão total.
- Para o desvio à exatidão, considere exato o valor médio das medições anteriores.
- Nas suas conclusões, compare os valores obtidos para nvidro
e a sua precisão
Polarização da luz. Ângulo de Brewster
- Observe o efeito de interposição de dois filtros polarizadores, paralelos ou cruzados, no percurso de um feixe luminoso.
- Usando a mesma montagem do ponto anterior, polarize o feixe paralelamente ao plano de incidência, orientando o eixo 0∘−180∘
do filtro polarizador na vertical. - A partir do valor médio obtido para o índice de refracção (o que usou na secção anterior), calcule o valor "teórico" do ângulo de Brewster e verifique experimentalmente que, para esse valor, os raios reflectido e transmitido fazem 90∘
entre si. - Para ângulos de incidência próximos do ângulo de Brewster, obtenha o intervalo angular em que praticamente se extingue o feixe reflectido.
Distância focal de uma lente convergente ( f≈

75 mm)


- Obtenha um feixe de luz branca de raios paralelos, usando a lente colimadora.
- Seleccione a lente de distância focal mais curta e determine o seu valor pelo método directo. Repita a experiência duas vezes, colocando a lente noutra posição relativamente à lente de raios paralelos.
- Retire a lente colimadora e coloque o objecto com mira no suporte da calha, iluminando-o directamente com a fonte luminosa. Coloque a mesma lente convergente a uma distância 150 mm >dO>
75 mm do objeto. - Com o écran plano, procure a posição correcta para obter uma imagem focada. Utilizando a equação dos focos conjugados, calcule de novo a d.f. da lente.
- Na folha quadriculada em anexo, desenhe um diagrama com o eixo óptico, o objecto e a lente convergente. Utilizando as aproximações paraxial e das lentes delgadas, desenhe a construção geométrica e obtenha a posição da imagem e a respectiva ampliação.
- Medindo agora a imagem, determine a ampliação linear. Compare-a com a que podia calcular pelas distância dO
e dI . - Repita a experiência, colocando a lente noutra posição relativamente ao objecto.
- Compare o valor da distância focal com o obtido em (1) e estime a precisão envolvida em cada um dos métodos que utilizou.
Distância focal de uma lente divergente (f≈−


150 mm)



- Associe no mesmo suporte a lente divergente com uma convergente (f≈
75 mm), de forma a que o par se comporte como um sistema convergente (com D≈10 mm). Escolha uma distância ao objecto DO adequada e utilize esta montagem para determinar a distância focal da lente divergente. - Repita a montagem para uma diferente distância ao objecto.
Microscópio composto
Material
- Lente objectiva f
= 75 mm - Lente ocular f
= 150 mm
Medição da ampliação angular da ocular
- Monte um ecrã graduado (E1) na parte lateral exterior de um suporte a di≈25
cm da extremidade da calha, de modo a ficar no ponto próximo do observador. Este ecrã será a escala de referência, desempenhando o mesmo papel que a escala na parede, no caso do telescópio. - Monte a lente ocular junto à mesma extremidade da calha, de modo a obter a condição b∼0
(verifique a Fig. 23). Calcule qual a distância dO dessa lente a que deverá colocar um objecto (altura hO ) de modo a que a sua imagem surja no ponto próximo. Use o valor obtido para determinar a ampliação angular (calculada). - Coloque outro ecrã graduado (E2) entre a lente e E1, próximo da posição dO
calculada acima, de modo a conseguir visualizar simultaneamente (a) a escala de E2 através da lente, com o olho esquerdo, e (b) a escala de E1 com o olho direito. - Ajuste a posição de E2 até conseguir focar simultaneamente as imagens em ambos os olhos. Sobrepondo visualmente as duas escalas graduadas, meça o tamanho aparente h′a
da imagem (virtual) de E2 e determine a ampliação angular MA da lente, usando a expressão adequada para este caso (ver Fig. 23 e consultar a tabela mais acima)
Medição da ampliação linear da objectiva
- Mantendo a ocular montada e usando como referência a Fig. ???
, junte uma objectiva e um objecto (um écran graduado iluminado). Escolha uma altura h0 adequada. - Se necessário, ajuste a objectiva para observar uma imagem focada através da ocular.
- Com um ecrã auxiliar, observe a imagem intermédia h′
e meça a sua ampliação. - Calcule a ampliação final do microscópio composto.